Joaquim Rodrigues
O meu blog: “histórias do coração” ele mostra a beleza e todas as maravilhas que existem em nossas vidas em todos nossos sentimentos tudo em forma encantadora de palavras que nos saem do meu coração, um coração que acredita na vida na felicidade de tudo que a vida nos reserva. O meu coração é um livro sobre o amor que vivem na minha alma. (Aqui encontramos poemas, música, e histórias da vida real) (Joaquim Rodrigues)
segunda-feira, 6 de março de 2017
"Difinição de Amor"
Joaquim rodrigues
Um velhinho entrou num consultório
médico para fazer um curativo, pois numa tarefa de casa tinha-se magoado numa mão na qual havia um profundo corte. Muito apressado o velhinho pediu
urgência no seu atendimento, pois tinha um compromisso muito sério a fazer.
O médico que o atendia levantou os olhos na sua direcção e muito curioso perguntou.
- O que tem você a fazer de tão urgente, para ser mais importante que o corte de sua mão? - perguntou o médico.
O simpático velhinho logo respondeu.
- Todas as manhãs eu tenho de visitar a minha esposa que está em tratamento numa outra clínica com o mal de Alzheimer e em fase já muito avançada.
O médico, preocupado com o atraso do atendimento, voltou a perguntar ao velhote.
- O que tem você a fazer de tão urgente, para ser mais importante que o corte de sua mão? - perguntou o médico.
O simpático velhinho logo respondeu.
- Todas as manhãs eu tenho de visitar a minha esposa que está em tratamento numa outra clínica com o mal de Alzheimer e em fase já muito avançada.
O médico, preocupado com o atraso do atendimento, voltou a perguntar ao velhote.
– Então? Mas hoje ela vai ficar muito preocupada com sua
demora?
O velhinho respondeu.
– Não, ela já não me conhece já não sabe quem eu sou, já vai para quase cinco anos que ela não me reconhece.
O médico então questionou o velhote.
– Mas então para que tanta pressa em vê-la todas as
manhãs, se ela já não o reconhece?
O velhinho então deu um sorriso e, batendo de leve no
ombro do médico, respondeu.
– Ela não me reconhece é verdade, não sabe quem eu sou
isso é tudo verdade Doutor, mas eu sei muito bem quem ela é!
O médico teve que aguentar forte para não deixar cair as
lágrimas que sentia querer cair pelo seu rosto, enquanto pensava.
“ O verdadeiro Amor
é isto! Não se resume ao físico, nem ao romantismo, o verdadeiro Amor é a aceitação
de tudo que o outro é. De tudo que foi um dia, do que será amanhã, e do que já não
é mais!
(05/03/2017)
"Nostalgia - I"
Joaquim Rodrigues
No crepúsculo do bar cheio a uma hora tardia, os focos de
luz caem sobre a banda que atua no palco ao fundo da sala. Sentado a uma mesa
num canto discreto, ele fuma um cigarro e observa a sala, satisfeito com o
resultado de um longo trabalho. Abriu o bar há quase cinco anos e agora é um
sucesso, mas o pensamento foge-lhe para uma recordação melancólica, como lhe
acontece recorrentemente. Lembra-se dela, parece que a está a ver ali à frente
a cantar, com a sala caída num silêncio rendido ao fôlego suspenso numa emoção,
as almas enlevadas, prestes a rebentar em palmas e gritos de entusiasmada
aprovação ao extinguir-se o último som que lhe sai do coração.
Recorda-a a servir às mesas e atrás do bar. É bonita, tem
um sorriso tímido, faz o seu trabalho sem se fazer notar, mas sem uma falha.
Lembra-se de entrar no restaurante durante a tarde, a uma hora em que está
fechado ao público, e surpreendê-la sozinha no palco, sentada num banco alto a
tocar a guitarra e a cantar de olhos fechados para a sala vazia. Ele fica ali
parado de pé, espantado, a pensar que nunca ouviu uma voz assim. A música
acaba, ela abre os olhos e fica embaraçada ao perceber que ele estava a ouvi-la
sem que tivesse dado pela sua presença, nem a sua chegada.
Convence-a a cantar em público, procura músicos para a
acompanharem, ajuda-a a começar a nova carreira, apaixona-se. Ela diz que o
ama, que ele é tudo para si. Enche a sala todas as semanas, com a sua voz, com
gente que vem de longe para a ouvir. Grava um disco, passa na rádio, dá
concertos. Parte em digressão pelo país e telefona-lhe um dia – ele lembra-se
desse telefonema como se fosse hoje, com a mesma angústia.
- Desculpa-me mas
não volto mais, diz-lhe que já não volta para ele.
Soube que ela vivia com um dos músicos da banda. Ela
escreve-lhe uns emails dispersos, sempre que chega a uma terra nova. E ele
nunca lhe responde, e os emails são cada vez mais espaçados no tempo, até
findarem definitivamente.
Ao fim da noite, depois de terem saído todos os clientes
do bar restaurante, só lhe resta fechar a porta e ir para casa. Mas fica ainda
um pouco a acabar a bebida, a fumar mais um cigarro, sentado no crepúsculo, à
mesa do canto. À sua esquerda, a luz da rua entra pelos vidros da porta. Ela
está ali parada a olhar para ele, meio rosto iluminado pela claridade de fora.
- Estava a pensar
em ti, diz ele, sem se preocupar em fingir que não quer saber dela.
- O quê?
- A pensar se
voltarias um dia.
- Nunca me fui
embora, responde ela, na minha cabeça estive sempre aqui.
Passa por ele um sorriso fugaz, e pergunta-lhe.
- Queres sentar-te?
Ela tira o casaco
enquanto ele lhe serve uma bebida da garrafa em cima da mesa, então diz.
- Conta lá! Por
onde tens andado?
(16/12/2016)
Joaquim Rodrigues
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