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segunda-feira, 25 de março de 2013

"Quero Amar Sempre" (HD) Joaquim Rodrigues


"Dez dias de Amor"



Ela vem a Portugal pela primeira vez em muitos anos de sua vida. Chega de avião o transporte possível de cá chegar, trazendo a reboque uma mala de rodinhas. Está de férias e decidiu tirar uns dias sozinha na cidade do Porto, onde não conhece ninguém.
Vai ficar uma semana num pequeno e agradável hotel para os lados de Matosinhos uma pequena cidade um pouco mais a norte da cidade do Porto a cidade que ela vem visitar. Entra no hotel, vai ver o quarto, deixa a mala e volta a sair sem demora, excitada com a perspetiva de aproveitar o resto da tarde. Vai vagueando por Matosinhos, a reparar nos turistas que andam por ali com a maravilhosa sensação de ser também como uma estrangeira numa terra estranha. Mete por uma ruazinha estreita e, chegando ao fim, dá com um café de especto acolhedor. Como tem fome e quer refugiar-se do calor, entra e senta-se a uma mesa. O empregado que vem atendê-la fala-lhe em inglês. Ela solta uma risadinha e pergunta-lhe com o seu sotaque do Brasil.
- O que o levou a pensar que fosse estrangeira?
Ele coça a sua cabeleira já rara, desgrenhada, ligeiramente embaraçado. Ela com cabelo bem tratado ligeiramente castanho claro, olhos castanhos, ar um pouco perdido e sem pressa.
- Achei que era, explica-se, peço desculpa.
Ela ri-se, divertida com a situação.
- Não faz mal, diz ela.
- Não é estrangeira mas é de fora, nota ele.
- Sim, é verdade, sou Brasileira, vivo no estado Rio Grande do Sul.
- Pois, já tinha reparado no sotaque.
Ele vai voltando à mesa dela, para saber se precisa de alguma coisa, para fazer conversa. Ela acha-lhe graça e responde-lhe com gosto. É um homem entroncado, descontraído, veste jeans e t-shirt, tem uma alegria natural que a entusiasma. À saída, vai abrir-lhe a porta e pergunta-lhe se tenciona voltar.
 - Talvez, responde ela, enigmática.
Despede-se, volta ao calor excessivo que ainda faz ao fim da tarde. Mas nos dias seguintes regressa sempre para tomar o pequeno-almoço e ele lá está para a servir, maravilhado por tornar a vê-la. Ela fica a saber que está ali a trabalhar porque tinha ficado desempregado, mas que contava ser por pouco tempo, já tinha em vista algo melhor, e como a vida continua tem que ser, e trabalha ali para pagar os custos de uma casa onde ele vive, fica a saber outras coisas dele. Passam juntos todas as noites, no quarto dela. Ao fim de o 10º dia, ele leva-a ao avião, e depois de a beijar com paixão ajuda-a a subir com a mala e só volta com a partida deste já em movimento.
Regressa a casa com um sorriso triste, já com saudades. Três meses depois ainda sente a mesma azia no fundo do seu estômago, a mesma que sentiu ao ver aquela mulher que o amou com o máximo carinho partir, ele quando se lembra disto deixa sempre cair uma lágrima.
Ela passada alguns meses talvez porque não aguentasse voltou! Entra no café mas não o vê, pergunta por ele a uma empregada. Fica a saber que se despediu e não deixou nenhum contacto. O número de telefone que ele lhe deu já não funciona, procurou-o no Facebook e não o encontrou. De modo que sai do café desconsolada e, após alguns dias a procurá-lo pelos lugares em que andaram, volta ao Brasil com uma desilusão.
Nunca mais saberá nada dele, nunca mais voltará a vê-lo, mas ficará sempre com a melancólica recordação daquele amor de 10 dias.

(14/07/2012)
Rodrigues Joaquim:

"Yes" (HD) Joaquim Rodrigues


"Há Amor"



"Te Amo" (HD) Joaquim Rodrigues


"Meu Desejo"



Tu és o meu desejo.
Esta noite eu desejo tudo de ti.
Desejo que sejas uma super mulher.
Uma mulher,super meiga.
E me dês uma super noite.
Esta noite, tu és o meu desejo.
Desejo que a noite seja mega.
A nossa maior noite.
A mais gigante.
A noite onde o amor seja profundo.
Algo do mais imenso, e poderoso.
Sempre abundante, forte e meigo.
Esta noite eu quero-te como um doce.
Um doce cremoso, saboroso.
Que mo faças comer todo. 
Sentir tua boca muito louca.
E saborear todos teus beijos de amor.
Querida, eu esta noite desejo-te.
 
(25/03/2013)
Rodrigues Joaquim

"Perdidamente" (HD) Joaquim Rodrigues


"Ela é Catrastófica"



Encontrou-a numa festa em casa de amigos comuns e quis conhecê-la porque, embora não fosse a mais bonita, era a alegria em pessoa, e toda ela irradiava uma promessa de felicidade.
Aproximou-se dela mas teve dificuldade em manter uma conversa, pois via-a falar com as pessoas e não parava quieta na sua boa disposição de sorriso aberto e gargalhada fácil. Espalhava essa boa disposição pelas salas por onde circulava com um desembaraço mundano. Parecia conhecer toda a gente, ao contrário dele que à entrada reconhecera apenas algumas caras dispersas e fez um esforço pela noite fora para não ficar sozinho, apesar de ver as companhias ocasionais desfazerem-se ao fim de algumas palavras de circunstância. Agora que a festa acalmou e muitos convidados foram partindo, ele desistiu de falar com alguém e consola-se com o conforto de um sofá, com uma última bebida na mão, a observar as pessoas, como que pairando sobre o ambiente. Ela vem e senta-se ao seu lado, surpreendentemente, começa a tagarelar com ele. Afinal, não o perdera de vista.
De manhã ele vai correr à beira-rio e volta a encontrá-la. Ela mostra-se radiante, tão alegre como na noite passada.
- Que coincidência, exclama.
- O mundo é pequeno, diz ele.
Embora ambos saibam que ela referira que costumava correr ali aos domingos. Vão tomar um café juntos num barzinho ali mesmo em frente. Ela fala muito, é expressiva e divertida, ele está deslumbrado e contagiado com tanta alegria, porque ela o faz rir e isso é bom.
Passa um mês e mais outro. Ele está na sala a ver televisão. Ela senta-se ao seu lado a falar. Conta várias histórias encadeadas sem parar. Ele só quer ver televisão, mas não sabe como dizer-lhe isto, nem ela lhe permite que o diga, pois fala sem parar e sem o ouvir. O entusiasmo inicial foi tanto que já vivem juntos em casa dele. Bem, o entusiasmo inicial feneceu, ela quer atenção o tempo todo e ele quer ver televisão em paz. Ao fim de algum tempo, compreendeu que ela não é tão alegre como aparentava, é dada a altos e baixos, a euforias seguidas de depressões profundas, e ele, que é apenas normal, fica perdido neste carrossel de emoções excessivas. Ela fez-lhe uma cena de ciúmes e partiu metade do serviço no chão da cozinha. Noutra ocasião, quis fazer o jantar e provocou um incêndio. Parece um filme! Ela é catastrófica e ele quer recuperar a sua vida, o seu sossego, sentar-se no sofá sem correr risco de morte. De modo que, apanhando-a fora de casa, muda a fechadura da porta da rua, põe-lhe as malas no lado de lá e um bilhete sucinto:
- Fui para o Brasil.
Em seguida vai para a sala ver um filme, sem som, sem fazer um ruído, aliviado, a pensar que só quer é ficar sossegado a ver televisão em paz.

(10/10/2012)
Joaquim Rodrigues

"Você Acredita" (HD) Joaquim Rodrigues


"Ouça-me"



"Dormindo" (HD) Joaquim Rodrigues


"Honestidade"



"Ilumina minha vida" (HD) Joaquim Rodrigues


"A Carta a Minha Mana"



Olá mana! Como estás tu? E os meus sobrinhos lindos estão bem? Tenho saudades vossas. E dos pais, claro. E do teu bolo de brigadeiro. E de umas amêijoas à Bulhão Pato.) E do sol de Portugal também tenho saudades. Sinto falta do sol. Estou a escrever-te este e-mail depois de abrir a tua encomenda. Já recebi!
 Adorei a surpresa.«Keep Calm and Trust Me: I"m Portuguese.» Bela T-shirt. É que é isso mesmo. É exatamente isso que sinto por aqui. É o que te dizia há dias, quando falámos. As Dinamarquesas não confiam em mim. Ou não confiam nos homens. Nem dão hipótese. Despacham um gajo em três tempos. Mais! Para começarem a andar com um tipo, têm de ser elas a decidir isso. Mesmo que eles faça a corte como deve ser e mesmo que eles, claramente, as conquistes, elas enfiam na cabeça que foram elas que lhes deram a volta. É uma cena cultural delas. Quando têm namorados, não foram elas que cederam aos avanços deles. Foram eles que foram conquistados por elas. Ou então sou eu que não percebo nada disto. Às tantas sou tão Portuga, e penso de tal maneira como um latino, que acho que temos de ser nós a conquistar as mulheres. E escusas de me chamar machista. Olha, não sei. Quando vim viver para cá, um colega Português que trabalha comigo lá no atelier avisou-me logo disso. Eu não liguei muito, mas já vi que ele tem razão. A coisa anda mesmo complicada para o teu irmãozinho. Eu, que sou lusitano de gema, Portuguesinho de alma e coração, ando meio perdido no reino das nórdicas. Isto de ser emigrante faz-nos a olhar para o engate de maneira diferente. Um gajo vive até aos 35 anos no país à beira-mar plantado, acha que sabe umas coisas e que o que não sabe aprende e, de repente, aterra noutra realidade. E eu achava que era muito viajado, e que já tinha visto muito. Qual quê?! Uma coisa é viajar, outra é viver noutro país. Muda tudo. Muda o tempo, muda a comida, muda a forma como as pessoas falam, e muda a conquista. Arrastar a asa para cima de uma portuguesa é uma coisa. Dar a volta a uma dinamarquesa é outra. Não é que seja mais difícil ou mais fácil. É diferente. E ou aprendemos depressa, ou ficamos a apanhar bonés.
Olha que os meus amigos que estão noutros países dizem o mesmo. O Carlos está em Düsseldorf e diz o mesmo das alemãs. O Pedro já esteve na Polónia e na Holanda, agora está em Londres, e queixa-se das colegas de trabalho: ou são distantes à brava ou só o querem para sexo. He he he. Tu acreditas nisto? De vez em quando falamos todos por Skype e o Vasco, que está em Madrid, goza connosco. Está sempre a perguntar se já sabemos como é que funcionam as mulheres do Norte. O problema não é engatar gajas. O problema é conquistá-las. É diferente.
Há coisas que são iguais no mundo inteiro: conheces alguém, dás dois dedos de conversa, bebes um copo, ou dois, ou três, o álcool faz efeito, fazes a outra pessoa rir, ou há química ou não há, e pronto. O sexo é mesmo uma linguagem universal. Um dia quando de fartares do enjoado do meu cunhado Português, vais ver (he he he, desculpa, não resisti).
Só em Portugal é que as mulheres são umas complicadinhas e só vão para a cama na terceira ou quarta vez que saem com alguém. Um amigo meu dinamarquês já esteve aí e diz que as Portuguesas são as afegãs da Europa, que só falta andarem de burca. É um exagero, mas é verdade que quanto mais te afastas do Sul, mais descontraídas são as mulheres. Não são oferecidas. São descomplicadas. Mas isso é no sexo. No engate. Se queres conquistar alguém aqui, tens de pensar de forma diferente. E eu ainda não descobri. Mas não vou desistir. Pode ser que a tua T-shirt ajude.
Um beijinho de saudades.

(24/03/2013)
Joaquim Rodrigues

" Ceder" (HD) Joaquim Rodrigues