O meu blog: “histórias do coração” ele mostra a beleza e todas as maravilhas que existem em nossas vidas em todos nossos sentimentos tudo em forma encantadora de palavras que nos saem do meu coração, um coração que acredita na vida na felicidade de tudo que a vida nos reserva. O meu coração é um livro sobre o amor que vivem na minha alma. (Aqui encontramos poemas, música, e histórias da vida real) (Joaquim Rodrigues)
sábado, 30 de março de 2013
"A Mulher e o Tempo"
" Já teve filhos, já se divorciou, anda à procura de um novo caminho, de um outro futuro. Sorri ao espelho, um sorriso malandro".
Pensa que já passou por tanto e não se arrepende de nada. Vai para o quarto vestir-se. Abre o armário, escolhe um vestido leve, por estriar, que comprou para este Verão, veste-o, volta ao espelho, observa-se apreciadora, com a cabeça de lado, sente-se satisfeita. Depois gasta mais algum tempo na casa de banho a pintar os olhos, a pôr um pouco de perfume no pescoço, a dar uma derradeira penteadela para soltar o cabelo ao seu gosto. Escolhe uma carteira, transfere para lá a tralha infindável que tem no saco de todos os dias, deixando de parte uma ou outra coisa de que não vai precisar hoje. Anda às voltas pela casa, descalça, à procura de um casaquinho fino preto que não sabe onde guardou. Encontra-o, volta ao quarto e escolhe umas sandálias de fitas que enrola nos tornozelos e prende com um laço. Ainda tem alguns minutos para a hora marcada. Vai ao computador matar esse tempo, no Facebook.
Dali a pouco recebe uma mensagem dele no telemóvel, a dizer que está a chegar. Desliga o computador, apanha a carteira, o casaco, dá uma última olhadela ao espelho da entrada e sai de casa. Quando entra no carro, ele recebe-a de boca aberta com um elogio sincero, diz-lhe.
- Estás linda.
Ela sorri, feliz com o efeito que provocou nele, mas pensa.
"Se tu soubesses o trabalho que tenho para ficar assim".
E mais uma vez lembra-se que há uns anos atrás bastava-lhe vestir qualquer coisa rapidamente e o efeito era o mesmo. Mas depois ri para dentro com a ideia de que ainda consegue fazê-lo abrir a boca de espanto quando a vê entrar no carro.
(25/08/2012)
Rodrigues Joaquim:
"Meu Pesar"
Tinha tanto que dizer, tanto, tanto.
E as palavras não me saiem.
Nem sequer me sai o pranto.
Nem as lágrimas me caiem.
Não sei o que sinto em mim.
Que morto me faz andar.
Nunca, nunca estive assim.
Nunca senti tal pesar.
A vida não tem sentido.
Para alguns pobres mortais.
Tudo lhes é proibido.
É uma triste e negra sorte.
Que os perssegue, a esses tais.
Desde o berço até à morte.
(30/03/2013)
Joaquim Rodrigues
"O Risco de Amar"
Trabalha num hotel, conheceu-o quando estava de serviço no bar. Achou-lhe graça, mas não deu importância. No entanto, ele apareceu no dia seguinte, e todos os dias dessa semana, à mesma hora. Ele viaja muito em trabalho, vem a Lisboa regularmente. Na vez seguinte deu com ela logo à chegada, no balcão da receção. O seu rosto iluminou-se quando a viu , disse.
- Gosto muito de a reencontrar.
E para ela naquele momento, aquela declaração, não foram indiferentes. Sorriu, e respondeu educadamente.
- É um prazer recebê-lo novamente no hotel.
Tratou-o por senhor. Mas na verdade sentiu uma emoção que a surpreendeu. Mais tarde, ele foi ao balcão, perguntou-lhe se não iria estar de serviço no bar. Como ela dissesse que não, pediu-lhe que fosse lá ter com ele depois de sair de serviço. Ela recusou, não poderia fazê-lo. Ele coçou a cabeça, atrapalhado, mas não desistiu, convidou-a para sair. Apanhada de surpresa, ela disse que não, inventou uma desculpa. Ele disse.
- Não faz mal, tenho a semana toda para a convencer.
Agora ela dá consigo a sofrer à espera do dia em que ele regresse ao hotel. Falam sempre ao telefone, mas receia que um dia ele mude de hotel e a esqueça. Por isso, decidiu que não podia continuar nessa angústia, e telefonou-lhe, disse-lhe que era altura de se separarem. Ele respondeu-lhe.
- Tenho uma semana para reconsiderar, até ao seu regresso.
Ela fraquejou na sua determinação.
- Está bem, uma semana, mas pediu-lhe que não telefonasse.
Os dias são lentos, a semana demora a passar. Ela está na receção e pergunta-se porque não lhe liga ele, porque não ignora o seu pedido. Sente uma tentação de lhe telefonar, mas resiste. Está apaixonada e assustada com a força desse sentimento, com o risco de ele a deixar, com a possibilidade de ele não voltar no fim da semana. Mas ele volta. Chega com um ramo de flores e declara à frente dos colegas, de uma multidão de hóspedes.
- Não podes desistir de mim porque te amo e quero casar contigo.
Ela, emocionada, ri-se com lágrimas nos olhos. Então, diz ele.
- Vais responder-me ou deixar-me aqui nesta expectativa?
Ela engole em seco, recompõe-se, responde-lhe sem pensar duas vezes.
- Sim!
Ele debruça-se sobre o balcão, beija-a, e há uma salva de palmas geral na receção.
(14/06/2012)
Rodrigues Joaquim:
"Sozinho"
No meu quarto, tão sozinho.
Eu penso em quais as razões.
Para tantas convenções.
E, nesta cabeça minha.
Não entra a confirmação.
Doi-me sempre o coração!
Porque somos tão fechados.
De amor-próprio tão ciosos.
Tão mesquinhos e vaidosos?
Para isto fomos criados?
Nada podemos fazer?
Assim o estou a crer.
Mas louvado seja aquele.
Que se resolve a lutar.
Para outra vida encontrar.
Pois nem tudo que fez Ele.
Saiu perfeito, afinal.
E aí é que está o mal!
(30/03/2013)
Joaquim Rodrigues
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