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terça-feira, 2 de abril de 2013

"Beijo a Vida" (HD) Joaquim Rodrigues


" Eu Sozinho"



Estou no meu quarto.
Sozinho, estou sentado.
Olho em meu redor.
Estou com frio, arrepiado!
 Olho e vejo uma janela.
Que por ela entra, uma luz.
Que me faz ver tanta tralha.
Uma luz terna, velada.
Vejo uma cadeira de palha.
 Uma estante com cds.
E alguns, dvds.
Uma música encantada
Um terno de pele.
Uma almofada.
 Um quadro original .
 Um aquecedor.
Um espelho de cristal.
Uma mesa um televisor.
Uns óculos, um relógio.
Um pele vermelha tribal,
 Um telefone botões.
Meus livros, o meu amor.
E uma foto, recordações.
Um rádio, a jarra e a flor.
 O meu quarto é o meu mundo.
Meus tesouros, meus amigos.
Aqui não há inimigos.
Todos nós somos mendigos.
 
(02/04/2013)
Joaquim Rodrigues

"A Dama" (HD) Joaquim Rodrigues


"Onde Vais Passar o Natal?"

Ali estão os dois, sentados frente a frente, separados pela distância cautelosa de uma mesa de permeio. Ele não estende o braço para agarrar a mão dela como antigamente. Ela não faz nada para o incentivar. Observam-se apenas, entrecortando o silêncio com alguns, espaçados, comentários de circunstância, como se não se conhecessem intimamente, não tivessem tido uma relação, não tivessem feito amor numa outra vida. Sentem-se dois estranhos acabados de se conhecer. Tudo o que foram juntos parece-lhes que se passou há uma eternidade. E no entanto, bastou-lhes reencontrarem-se para se reconhecerem.
Ele ainda se lembra do perfume dela, dos seus olhos; ela ainda sabe de cor todos os traços do rosto dele; ambos conhecem as particularidades um do outro: a forma como se riem, o que os faz rir, o que gostam e o que não gostam, as expressões que usam, os comentários que faziam e que tinham um significado particular, só deles. Sentem-se como desconhecidos que sabem tudo um do outro. Pediram cafés, o empregado vem com a bandeja e serve-os, com açúcar para ela, com adoçante para ele. O empregado retira-se e eles trocam os pacotinhos com um sorriso cúmplice. Baixam os olhos enquanto mexem o café, ele demora-se um pouco mais, ela observa-o atenta aos pormenores, estuda o silêncio dele, na ânsia de lhe ler os pensamentos. Ele levanta os olhos e sorri-lhe, um sorriso aberto que dissipa uma nuvem. Ela retribui-lhe um rosto iluminado. Começam a falar com a alegria de sempre, abandonando a cautela, sem darem pelo tempo que pára, uma, duas horas seguidas, evitando tocar no que os separou.


Divertem-se, entendem-se com facilidade, mas a vida não parou e já não estão no mesmo ponto em que ficaram. Separaram-se, de facto, e parece-lhes inverosímil que um dia tivessem tido a certeza inabalável de que nada os poderia afastar um do outro. E quando voltam a olhar para o relógio e regressam à terra, quando comentam.
 - Ui, é tão tarde, tenho de ir.
 - Pois, eu também.
O sorriso esbate-se nos seus lábios e ambos sentem a nostalgia de um tempo que não se repete, de um amor incondicional que ficou pelo caminho, como tantos outros amores jurados com alma e coração. Despedem-se com um abraço apertado, mas não combinam outro encontro.
 - Foi bom rever-te, diz ele.
Ela fecha os olhos um segundo, enquanto assente com a cabeça.
 - Também gostei muito, afirma.
Ele segura-lhe a mão como antigamente, sorriem, ela recua um passo, as mãos largam-se devagar, ela faz uma expressão engraçada, triste, que quer dizer é a vida, ele imita-a com um encolher de ombros exagerado, e partem, cada um para seu lado, perguntando-se se vão repetir em breve. De repente ele lembrasse vira-se rápido e pergunta.
- Onde vais passar o Natal?
- Em minha casa sozinha.
- Não vais não! Eu vou passar contigo queres?
E ela caminhando na sua direção com um sorriso triunfante responde.
- Sim, claro que quero.

(13/12/2012)
Joaquim Rodrigues:

"Assassino do Tango" (HD) Joaquim Rodrigues


"A Dança"

 
Teus lindos, e negros olhos.
São como lagos, que vejo.
Têm cisnes, aos molhos.
Todos enrolados num beijo.
 
Ao som musical do arpejo.
Nas àguas azuis bailamos.
Nós juntos, mais o tejo.
Nesta dança tão romantica.
Ao amor nos entregamos.
 
(02/04/2013)
Joaquim Rodrigues

"Vivendo para Contar" (HD) Joaquim Rodrigues


"Caminho Triste na Solidão"



Preciso de cuidar mais de mim.
Sinto-me cansado de mais.
Leio de mais, escrevo demais.
Ouço demais, e vejo demais.
Estou parado demais.
Estou recebendo demais.
 
Recebo mais, do que mereço receber.
O céu parece demasiado azul! Azul demais.
A música é mais triste!
Do que os tristes mais precisam.
 
Deixem-me sair daqui.
Porque a única coisa que sei fazer é sentir.
Preciso que me ensinem, a enganar-me.
Preciso que me ensinem!
A interromper a tristeza.
 
Sinto que vivo demais, e durmo de menos.
Acordo para acordar os outros.
É como se a luz me acompanhasse.
É como o sol quando nasce.
Viesse propositadamente, acordar-me.
 
Estou sozinho demais.
Nas minhas estrelas, não há noite nem amor.
Tenho as mãos vazias, viradas para o Céu.
Como se a lua, as tivesse recebido.
Como tivessem lá ficado.
Encharcadas de tinta, da escuridão.
Continuo minha caminhada sozinho!.
Levo comigo a tristeza, a solidão!
 
(02/04/2013)
Joaquim Rodrigues