Joaquim Rodrigues
O meu blog: “histórias do coração” ele mostra a beleza e todas as maravilhas que existem em nossas vidas em todos nossos sentimentos tudo em forma encantadora de palavras que nos saem do meu coração, um coração que acredita na vida na felicidade de tudo que a vida nos reserva. O meu coração é um livro sobre o amor que vivem na minha alma. (Aqui encontramos poemas, música, e histórias da vida real) (Joaquim Rodrigues)
sexta-feira, 25 de agosto de 2017
"UMA PAIXÃO"
Joaquim Rodrigues
Há muito tempo, ela tem um segredo que não lhe conta.
Porém, esse segredo impede-a de continuar com ele e, assim, contra toda a
certeza do seu instinto, manda-o embora da sua vida com a alma num pranto, sem
um pingo de piedade, sem um sinal de compaixão. Diz-lhe simplesmente que não o
quer mais ver, que não o ama, que a deixe em paz de uma vez. E isso ofende-o
com a insensibilidade que desmente os seus verdadeiros sentimentos, contraria
tudo o que ela o deixou pensar durante todo tempo que namoraram um total
arrebatamento, vira costas e afasta-se dele sem que ele entenda o que se está a
passar, ela entra no comboio que a levará a casa, senta-se à janela com uma
primeira lágrima a escorrer-lhe pelo rosto.
Ele fica ali parado no início do cais, incrédulo, a vê-la
subir para a carruagem. E ela não se atreve sequer a espreitar por cima do
ombro, receando não se conter e saltar do comboio e correr para os seus braços.
Ele espera pelos primeiros solavancos tímidos dos vagões, enfia as mãos
resignadas nos bolsos do casaco e retira-se, enfim, indo em direcção à saída da
estação.
Ela tem algumas horas de viagem para se recompor, limpa
os olhos marejados de uma mágoa surpreendente. Pergunta-se como foi possível
apaixonar-se em cinco dias. Era só uma semana de trabalho bastante atarefada,
reuniões e debates num agradável hotel à beira-mar. Sabe que foi irresponsável,
que se deixou ir sem pensar. Sabe que não devia ter dado aquele passeio pela
praia, que não devia ter ficado a conversar com ele à lareira, na sala, nem,
finalmente, ter subido ao quarto na sua companhia.
Pensa no marido, na filha pequena, diz a si própria que
tudo não passou de um desvario, de um deslize que vai calar fundo e jamais se
repetirá. Sente-se aliviada por não lhe ter contado que era casada e por não
lhe ter dado nenhum contacto pessoal. Procura convencer-se de que voltará à sua
rotina normal e esquecer. No entanto, já vai no fim da viagem e continua a não
encontrar uma explicação razoável para o sentimento tão forte que teve por ele,
que tem, como nunca teve por ninguém. Não o verá mais, supõe, fora de questão,
não pode, mas parece-lhe tremendamente injusto que seja assim.
Dois anos depois, ele fuma um cigarro sentado na
explanada do costume com vistas para o Mar. É um dia de Outono um pouco
cinzento, são muitos os dias que ele gosta de sentar ali apreciando os sons
característicos e exuberantes, que as ondas do mar fazem ao bater nas rochas, o
mar lhe dá a paz que precisa.
Ela hoje é uma mulher divorciada seu casamento nunca mais
foi o mesmo desde que eles se deixaram de ver. Foram muitas as vezes que pensou
nele que o procurou, mas nunca o encontrou, desistiu.
Nas suas costas ele ouve vozes femininas, pessoas que
acabam de chegar ao bar, mas não dá importância, contínua com olhar profundo a
fumar o seu cigarro a imaginar como é sobrenatural a força que o mar tem.
Ela depois de sentada com a sua melhor amiga muda de cor
como quem desfalece, amiga preocupada pergunta.
- Estás bem?
Ela abana a cabeça afirmativa, mas a emoção a faz passar
a mão na cara para limpar a lágrima que escorre no seu rosto, amiga volta a
perguntar.
- Então? O que se
passa contigo? Queres ir embora?
Ele ao ouvir a conversa das suas vizinhas de esplanada
deixa por minutos de olhar o mar e volta-se para trás. E quando os seus olhos
se encontram, ficam ali se olhando por segundos sem forças, sem palavras,
frente a frente, olhos, nos olhos.
- Ok, já percebi tudo, responde amiga.
(13/10/2013
(Joaquim Rodrigues)
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