O meu blog: “histórias do coração” ele mostra a beleza e todas as maravilhas que existem em nossas vidas em todos nossos sentimentos tudo em forma encantadora de palavras que nos saem do meu coração, um coração que acredita na vida na felicidade de tudo que a vida nos reserva. O meu coração é um livro sobre o amor que vivem na minha alma. (Aqui encontramos poemas, música, e histórias da vida real) (Joaquim Rodrigues)
domingo, 21 de julho de 2013
"Determinação"
Ele pousa os olhos nela e observa-a com uma expressão de carinho num rosto iluminado, a extravasar de admiração. É a mulher mais determinada que conhece, e já a conhece desde miúda. Foi sempre assim, pronta a virar o mundo para alcançar o seu objetivo.
Reencontrou-a anos depois de crescerem e de terem seguido rumos diferentes que voltaram a cruzar-se. Entretanto, casara-se, tivera filhos, divorciara-se. Ele fizera um percurso semelhante. Descobriu-a tão bonita como sempre, mas amarga com a vida. O marido deixara-a a braços com as crianças, construíra uma segunda família e ignorava a primeira. Encontrou-a na rua quando voltou ao bairro da sua infância. Ela mantinha-se fiel ao lugar onde crescera. Convidou-a para um café, perguntou-lhe como ia.
- Tramada, disse ela, vocês são todos iguais, umas bestas.
- Nós, quem?
- Vocês, os homens.
- Nós somos todos umas bestas? Admirou-se.
- Exatamente, disse ela.
E ele, um pouco perdido perante aquele desabafo preso de ressentimento, disse.
- Bolas, não te vejo há anos e a primeira coisa que me dizes após nos encontrarmos, é que sou uma besta!
- E és, insistiu ela, são todos.
No entanto, telefonou-lhe dois dias mais tarde e convidou-o para outro café, sem rodeios.
- Já não sou uma besta?
- És, tal e qual, uma besta igual aos outros. Então, vamos ao café?
- Acho que não, respondeu-lhe ele, vou ficar por casa.
Ela insistiu, e, oh, se ela conseguia ser insistente.
- Pronto, eu vou, rendeu-se, só para não te ouvir mais.
- Isso mesmo, anda lá.
(Joaquim Rodrigues) |
“Não me vou envolver com ela, já tenho problemas de sobra.“
Mas ela continuou a telefonar-lhe, a exigir a sua atenção, ignorando as respostas negativas.
- Não podes viver sozinho o resto da vida, afirmou.
- Quem disse que não posso? Retorquiu ele, irritado, posso viver como muito bem entender.
- Então, faz como entenderes, explodiu ela, desligando-lhe o telefone na cara.
Mas voltou a ligar-lhe pouco depois para lhe perguntar:
- Não gostas de mim?
- Neste momento, não gosto muito.
Não, respondeu, levando-a a desligar novamente. Nesse mesmo dia, ela foi ao seu encontro, apanhou-o quando saía de casa.
- Porque não gostas de mim? Perguntou, furiosa.
- Que queres de mim? Respondeu ele.
- Quero que estejas comigo e que não sejas uma besta!
Ele ergueu as mãos e rosnou, exasperado. Agora, passados mais de vinte anos juntos, olha para ela a seu lado e ainda recorda essa época com perplexidade, mas, pensa com um sorriso, valeu a pena.
(21/07/2013)
Joaquim Rodrigues
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