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segunda-feira, 25 de março de 2013

"A Carta a Minha Mana"



Olá mana! Como estás tu? E os meus sobrinhos lindos estão bem? Tenho saudades vossas. E dos pais, claro. E do teu bolo de brigadeiro. E de umas amêijoas à Bulhão Pato.) E do sol de Portugal também tenho saudades. Sinto falta do sol. Estou a escrever-te este e-mail depois de abrir a tua encomenda. Já recebi!
 Adorei a surpresa.«Keep Calm and Trust Me: I"m Portuguese.» Bela T-shirt. É que é isso mesmo. É exatamente isso que sinto por aqui. É o que te dizia há dias, quando falámos. As Dinamarquesas não confiam em mim. Ou não confiam nos homens. Nem dão hipótese. Despacham um gajo em três tempos. Mais! Para começarem a andar com um tipo, têm de ser elas a decidir isso. Mesmo que eles faça a corte como deve ser e mesmo que eles, claramente, as conquistes, elas enfiam na cabeça que foram elas que lhes deram a volta. É uma cena cultural delas. Quando têm namorados, não foram elas que cederam aos avanços deles. Foram eles que foram conquistados por elas. Ou então sou eu que não percebo nada disto. Às tantas sou tão Portuga, e penso de tal maneira como um latino, que acho que temos de ser nós a conquistar as mulheres. E escusas de me chamar machista. Olha, não sei. Quando vim viver para cá, um colega Português que trabalha comigo lá no atelier avisou-me logo disso. Eu não liguei muito, mas já vi que ele tem razão. A coisa anda mesmo complicada para o teu irmãozinho. Eu, que sou lusitano de gema, Portuguesinho de alma e coração, ando meio perdido no reino das nórdicas. Isto de ser emigrante faz-nos a olhar para o engate de maneira diferente. Um gajo vive até aos 35 anos no país à beira-mar plantado, acha que sabe umas coisas e que o que não sabe aprende e, de repente, aterra noutra realidade. E eu achava que era muito viajado, e que já tinha visto muito. Qual quê?! Uma coisa é viajar, outra é viver noutro país. Muda tudo. Muda o tempo, muda a comida, muda a forma como as pessoas falam, e muda a conquista. Arrastar a asa para cima de uma portuguesa é uma coisa. Dar a volta a uma dinamarquesa é outra. Não é que seja mais difícil ou mais fácil. É diferente. E ou aprendemos depressa, ou ficamos a apanhar bonés.
Olha que os meus amigos que estão noutros países dizem o mesmo. O Carlos está em Düsseldorf e diz o mesmo das alemãs. O Pedro já esteve na Polónia e na Holanda, agora está em Londres, e queixa-se das colegas de trabalho: ou são distantes à brava ou só o querem para sexo. He he he. Tu acreditas nisto? De vez em quando falamos todos por Skype e o Vasco, que está em Madrid, goza connosco. Está sempre a perguntar se já sabemos como é que funcionam as mulheres do Norte. O problema não é engatar gajas. O problema é conquistá-las. É diferente.
Há coisas que são iguais no mundo inteiro: conheces alguém, dás dois dedos de conversa, bebes um copo, ou dois, ou três, o álcool faz efeito, fazes a outra pessoa rir, ou há química ou não há, e pronto. O sexo é mesmo uma linguagem universal. Um dia quando de fartares do enjoado do meu cunhado Português, vais ver (he he he, desculpa, não resisti).
Só em Portugal é que as mulheres são umas complicadinhas e só vão para a cama na terceira ou quarta vez que saem com alguém. Um amigo meu dinamarquês já esteve aí e diz que as Portuguesas são as afegãs da Europa, que só falta andarem de burca. É um exagero, mas é verdade que quanto mais te afastas do Sul, mais descontraídas são as mulheres. Não são oferecidas. São descomplicadas. Mas isso é no sexo. No engate. Se queres conquistar alguém aqui, tens de pensar de forma diferente. E eu ainda não descobri. Mas não vou desistir. Pode ser que a tua T-shirt ajude.
Um beijinho de saudades.

(24/03/2013)
Joaquim Rodrigues

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