Joaquim Rodrigues
Por causa do egoísmo os homens punem-se uns aos outros, o
homem torna-se lobo do homem.
O egoísmo é um defeito de carácter, é o maior vício
generalizado na humanidade terrena. É o agente que mais provoca sofrimentos, e
o mais infeliz para o ser humano.
Ser egoísta, é ter egoísmo, egoísta, egocentrismos,
egotismo, que designam aquele que tem o “eu só o eu nele” como ideologia,
aquele que concentra sobre si seus próprios pensamentos e actividades.
O contrário do egoísmo é o altruísmo a doutrina que
considera o devotamento ao outro como a regra ideal, da moralidade.
A pessoa altruísta deseja que o outro seja feliz e tudo
faz para que esse desejo se realize, sem esperar nada em troca. A pessoa
egoísta não faz nada com desinteresse, está sempre buscando alguma satisfação
pessoal. O egoísta só fala de si sem cessar, só faz referências de si mesmo se
elogia a si próprio constantemente sem cessar, tem preferência, no falar sem
deixar falar os outros, e no pensar, pelos termos…agora falo eu, é meu, são
meus, são minhas. Preocupa-se apenas com os seus interesses, com os seus
próprios prazeres, em detrimento ou desprezo pelos dos outros. Valoriza
exageradamente o que é seu, as suas ideias, as suas opiniões, os seus gostos, os
seus desgostos, etc.
Alguns vícios morais provocados pelo egoísmo, é a ganância,
avareza, a corrupção, o ódio, a injustiça, o despeito, o cinismo, a violência, a
hipocrisia, o despotismo, a covardia, as vaidades, o desprezo, os ciúmes, a inveja,
a cólera, o isolamento, o desamor, a impaciência, a indiferença, a ingratidão,
o apego, a extorsão, etc. … tudo isso até, contra quem a ama…
Todos esses efeitos produzidos pelo egoísmo sobre um
indivíduo podem ser percebidos também em grupos, egoísmo de uma classe, de um
grupo religioso, de um partido qualquer. O mesmo ocorre com os efeitos do
altruísmo.
O altruísmo é sinónimo de caridade, no entanto, a palavra
caridade tem uma acepção mais extensa e mais profunda, por isso ela é a virtude
contrária ao egoísmo.
Há caridade em pensamentos, em palavras, em actos, mas que
na prática quase sempre o egoísta não a pratica, a caridade não é somente
esmola. O homem é caridoso em pensamentos sendo indulgente para com as faltas
do próximo. A caridade em forma de palavra, nada diz que possa prejudicar o
outro. A caridade em acções assiste ao próximo na medida de suas forças.
Reparemos que o pobre que partilha seu pedaço de pão com
alguém mais carente do que ele é mais caridoso, tem muito mais mérito aos olhos
de Deus do que o rico que dá do seu supérfluo sem de nada se privar. Quem
alimenta contra o seu próximo sentimentos de ira, de animosidade, de ciúme, de
rancor, tem falta de caridade.
O egoísmo é a exaltação da personalidade. A caridade é a
sublimação da personalidade. A caridade diz, para você em primeiro lugar, para
mim depois, o egoísmo grita, para mim antes, para você se sobrar.
Fazer pelos outros o que quereríamos que os outros
fizessem por nós, é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos
os deveres do homem para com o próximo.
Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito,
para tomar como padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós
desejamos. Com que direito exigiríamos dos nossos semelhantes melhor proceder, mais
indulgência, mais benevolência e devotamento para connosco, do que os temos
para com eles?
O egoísmo faz com que o interesse pessoal prevaleça acima
de tudo, cada pessoa arrebata o que pode para si, o seu semelhante é visto
apenas como um antagonista, um rival que pode se intrometer no seu caminho, que
o pode explorar. Sendo assim, a vitória pertencerá sempre ao mais sagaz nesta sociedade,
coisa triste de dizer, consagra comumente essa vitória, o que faz com que ela
se divida em duas áreas principais, os explorados e os exploradores.
Isso só resulta um antagonismo perpétuo, que faz da vida
um tormento, um verdadeiro inferno. Mas se substituirmos o egoísmo pela
caridade, tudo será diferente. Ninguém procurará fazer mal ao seu vizinho, as
iras e os ciúmes se extinguirão por falta do que os alimente, e os homens
viverão em paz e amor, se auxiliarão uns aos outros, ao invés de se despedaçarem
mutuamente. Se a caridade substituir o egoísmo, até todas as instituições
sociais passarão a ter como alicerce o princípio da solidariedade e da
reciprocidade, o forte protegerá o fraco, ao invés de o explorar.
Sendo assim, o egoísmo e o orgulho, que andando de mãos
dadas, a vida será sempre muito mais triste sem compressão com o próximo que
nos ama, e sem amor vencerá o mais esperto, uma luta de interesses, em que se
calcarão aos pés, as mais santas afeições, em que nem sequer os sagrados laços
da família serão respeitados.
(23/06/2016)
Joaquim Rodrigues
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