Eu temo muito o mar, o mar enorme.
Solene, enraivecido, turbulento.
Erguido em vagalhões, rugindo ao vento.
O mar sublime, o mar que nunca dorme.
Eu temo o largo mar rebelde, informe.
De vítimas famélicas, sedento.
E creio ouvir em cada seu lamento.
Os ruídos dum túmulo disforme.
Contudo, num barquinho transparente.
No seu dorso feroz vou blasonar.
Tufada a vela e na água quase assente.
E ouvindo muito ao perto o seu bramar.
Eu rindo, sem cuidados, simplesmente.
Escarro, com desdém, no grande mar.
(16/03/2013)
Joaquim Rodrigues
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