Passam-se alguns dias. Ele vai ao centro comercial fazer compras de final de dia e, ao virar da esquina no final de um corredor, dá com ela por acaso. Cumprimentam-se com a familiaridade de sempre, mas ele tem as mãos carregadas de sacos e ela fica ligeiramente embaraçada com a surpresa e diz que vai com pressa. Dali a pouco, ela envia-lhe uma mensagem simpática para o telemóvel.
"Gostei de te ver” – diz a mensagem dela.
"Eu também gostei muito de te ver” - Responde-lhe ele.
É curioso, porque não se cruzam há três anos e, subitamente, parece que o destino os empurra um para o outro. Ele fica a pensar nisto sem saber bem como interpretar a coincidência. Ela fica a pensar nele, um pouco aflita, porque lhe parece que o tempo deles passou e não terão uma segunda oportunidade. Acaba uma semana, e acaba outra. Não voltam a falar. Ele envia-lhe uma mensagem por impulso, reagindo a um pensamento, a uma perplexidade.
“Porque me deixaste? “
“Porque na altura não acreditei em nós” - responde-lhe.
“E agora?”
“Agora acredito” - diz a mensagem dela.
Quando a viu pela primeira vez ficou encantado para toda a vida. Em breve, disse-lhe que era preciosa, uma raridade, que a desejava. Ela, desconsertada, acabou por admitir que o amava. Porém, a vida afastou-os e hoje ele não está convencido que ela continue a pensar o mesmo de outrora. Decide que não deve forçar nada, que se realmente for uma inevitabilidade voltarem um para o outro o destino encarregar-se-á de a trazer de volta. Pois bem, ela não está disposta a esperar pelos caprichos do destino e envia-lhe outra mensagem a convidá-lo para se encontrarem. Combinam na mesma esquina do mesmo centro comercial. Desta vez ele percebe que ainda a ama tanto como antigamente. Logo que a vê sabe que continua encantado para a vida. De modo que a abraça e a beija e percebe que tinha mais saudades do que estava disposto a admitir a si próprio, talvez para se defender de uma tristeza infinita. Mas agora tem de arriscar. Ela também tem a certeza e diz-lhe ao ouvido.
- Nem imaginas a falta que me fizeste.
- Amo-te, responde-lhe ele.
- Ainda bem, diz ela, porque não tenciono deixar que saias da minha vida novamente.
( 17/03/2013)
Joaquim Rodrigues
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