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quinta-feira, 28 de março de 2013

"Desafio de Amor"




Ela abriu a torneira e deixou a água quente jorrar para dentro da banheira, de seguida olhou para o relógio.
 "O Tony deve estar mesmo a chegar, pensou."
Por isso despiu-se e mergulhou naquele mar de espuma que lhe cobria as formas do seu corpo. Fechou os olhos e ouviu a porta a abrir-se. Fora boa ideia ter-lhe dado a chave de casa. Nunca o fizera antes isso. Devia estar mesmo apaixonada. Se calhar pela primeira vez na sua vida. Aos 53 anos! Escutou a voz dele a ecoar pelo corredor. Chamava o seu nome. Não lhe respondeu. Queria que ele a encontrasse ali. Mal formulara esse desejo no seu cérebro, o rosto atraente de Tony espreitou pela casa. Os olhos brilharam. Gostava do que via, isso era inquestionável.
- Volto já, disse ele voltando para trás.
Ela sabia que ele tinha ido ao quarto pousar a mala e despir o fato (terno). Voltou nu, para junto dela e beijou-lhe os lábios com volúpia. O mero contato daqueles lábios com os seus despertara-lhe o desejo, que se apoderava de si como suaves ondas de calor. Ele entrou então dentro da banheira, cuja água transbordou com o peso dos dois corpos, que ficaram juntos, colados. Beijaram-se com paixão, as línguas enroladas como se fossem amantes. Em poucos segundos, Marta, sentiu o pénis de Tony a ficar ereto no contato com o seu ventre liso. Por isso, abriu as pernas para que ele a penetrasse de imediato. Quando ele entrou dentro dela, estremeceu e gemeu com intensidade, fincando-lhe as unhas nas costas. Ele começou a mexer-se ao mesmo tempo que, com as mãos, lhe tocava nos seios, brincando com os mamilos rosados, apertando-os com sensualidade entre as pontas dos dedos. Não demorou muito até Marta, chegar o Clímax e todos os seus sentidos se renderem àquelas ondas mágicas que percorriam. Foi então a vez de Tony experimentar um orgasmo, que lhe roubou o folego. Ficaram mais tempo deitados, a acariciarem-se dentro de água.
- Ficas cá esta noite? Pergunta Marta.
Mas de imediato, sentiu que tinha pisado um território perigoso que se comprometera a evitar. Mas era porém, mais forte do que ela. Estava apaixonada. Era impossível dividi-lo muito mais tempo com outra mulher. Tony saíra da banheira.
- Sabes que é complicado, disse ele.
Nenhuma surpresa. Desde que ele lhe contara, da primeira vez que a levara a jantar, que era casado, que lidava diariamente com uma situação dúbia, incongruente com os seus princípios. De início, negara o óbvio, que se pudesse envolver com um homem casado. Esquecia-se de que estava já apaixonada por ele, por isso, numa noite em que Tony irrompera pelo seu apartamento, Marta fora incapaz de lhe fechar a porta. Como poderia faze-lo, quando todo o seu corpo chamava por ele? Desde então, vivia daqueles breves encontros.
- É só enquanto não resolvo uns sérios problemas pessoais podes acreditar, relembrou-lhe Tony, nessa noite quando estavam já na sala. Seria verdade? Era altura de saber.
- Tony, estive a pensar, e cheguei a uma conclusão. Não nos vamos ver durante 30 dias a contar de hoje. Espero por ti daqui a um mês no hotel do costume, às nove horas da noite. Se não vieres, saberei qual foi a tua escolha.
Tony negou inicialmente, dizendo que essa sua conclusão era uma loucura.
- Não compreendes que não posso viver sem ti? Marta, tu és a única coisa autêntica que tenho na minha vida.
Marta sofria com estas palavras, mas tinha pensado no assunto. Nunca seria feliz assim. Por isso, disse-lhe que era uma decisão irredutível. Por fim, Tony acedeu.
- Daqui a um mês, estarei lá, disse.
Beijou-a então com paixão desesperada, que era já saudade e tristeza. Fizeram amor mais uma vez e Marta, não conseguiu deixar de pensar que podia ser muito bem a última vez que estavam juntos. Por isso, amaram-se com uma ternura infinita, devagar, deixando tempo para saborearem o corpo um do outro, a expressão dos seus rostos e prazer. Foi por isso um momento ainda mais intenso do que algum outro, até então.
Trinta dias passaram, devagar, riscados um a um no calendário de Marta. Por fim, chegou o momento tão esperado. Vestiu o vestido lilás, que sabia ser o preferido de Tony. Com medo, no fundo, não acreditava que ele pudesse aparecer, pediu na recepção do hotel a chave do quarto e meteu-se no elevador. Abriu-a devagar, e a surpresa aquase a fez desmaiar, pois sentiu suas pernas desfalecer de emoção. Sentado na cama, estava Tony, sorrindo-lhe.

(28/03/2012)
Rodrigues Joaquim:

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