“Eu especialmente”.
É fácil perder o rasto a alguém quando se vive numa cidade grande. De vez em quando, nas jantaradas ou encontros acidentais com antigos colegas, falava-se dela. Já nem o nome lembrava, mas nunca mais ninguém a tinha visto. Mas até nisto eu sou um herói, porque foi na semana passada que eu a encontrei! O pior é que não foi no supermercado, no cinema ou na rua. Foi mesmo nesse sitio onde as pessoas se encontram todas hoje, “O Facebook”.
- Será ela? Caramba! Está diferente. Não, não pode ser. Não pode ser nisto que se tornou aquela miúda interessante, com um sorriso lindo, que me encantava, (secretamente) cabelo comprido, lábios carnudos e as outras coisas todas, do primeiro parágrafo. Safa! Parece careca rapou o cabelo? Porquê? Era tão lindo o cabelo dela! O cisne gracioso de pernas altas e brancas, e movimentos elegantes se transformou num patinho feio com mau aspeto, com dentes estragados.
Mas infelizmente era ela sim! Tinha casado e tido dois filhos um rapaz e uma menina, mas se encontrava muito doente, e mais não disse, eu também não forcei porque com a doença não se brinca. Mas hoje já sei o que aconteceu à minha apaixonada secreta do tempo de liceu a infelicidade lhe tinha batido à porta, tinha ficado sem um seio, devido a um “câncer” que lhe tinha aparecido durante a gravidez da menina seu segundo filho. Os colegas antigos de liceu os que mantiveram o contacto e os outros todos que o Facebook reuniu virtualmente, já a adicionaram e ela parece tão feliz por nos ter reencontrado como nós estamos admirados e tristes pelo que a vida lhe fez. Mais dia, menos dia, alguém vai perguntar a “Sónia” se está melhor. Até lá, ficamos todos a pensar no que a vida nos pode fazer a nós.
(01/11/2012)
Rodrigues Joaquim:
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